DESCRIÇÃO SENSORIAL
É um tipo de descrição, conhecida também por sinestésica, que se apóia nas sensações. A descrição sensorial torna o texto mais rico, forte, poético; faz com que o leitor interaja com o narrador e com a personagem.As sensações são:
Visuais: relacionadas à cor, forma, dimensões, etc.
“Era um olho amendoado, grande, dum azul celestial, de traços suaves...”
Auditivas: relacionadas ao som.
“O silêncio tornara-se assustador, o zumbido do vento fazia chorar as janelas...”
Gustativas: relacionadas ao gosto, paladar.
“Tua despedida amarga, o sorrido irônico, insosso; deixaram-me angustiado.”
Olfativas: relacionadas ao cheiro.
“O cheiro de terra trazido pelo vento úmido era prenúncio de chuva.”
Táteis: relacionadas ao tato, contato da pele.
“As mãos ásperas como casca de árvore, grossas, ríspidas, secas como pedra.”
Veja o belíssimo texto de Cecília Meireles. Observe como as descrições sensoriais são trabalhadas.
NOITE
Úmido gosto de terra,
cheiro de pedra lavada,
– tempo inseguro do tempo! –
sobra do flanco da serra,
nua e fria, sem mais nada.
Brilho de areias pisadas,
sabor de folhas mordidas,
– lábio da voz sem ventura! –
suspiro das madrugadas
sem coisas acontecidas.
A noite abria a frescura
dos campos todos molhados,
– sozinho, com o seu perfume! –
preparando a flor mais pura
com ares de todos os lados.
Bem que a vida estava quieta.
Mas passava o pensamento...
– de onde vinha aquela música?
E era uma nuvem repleta
entre as estrelas e o vento.
(MEIRELES, Cecília. Obra Completa.
Rio de Janeiro, Aguilar, 1967.)
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